Espécies e Habitat |
Habitat
A Pseudo-Estepe em Portugal
Um Habitat a preservar
 
As verdadeiras estepes ocorrem principalmente nas extensas planícies da Mongólia, Sibéria, Rússia e China, onde o frio, a reduzida precipitação e a pobreza do solo condicionam uma vegetação composta apenas por plantas herbáceas mais rasteiras que as das pradarias americanas e que em termos de paisagem têm algumas semelhanças com as savanas africanas. O termo estepe deriva de uma palavra russa “stepj”, que significa ausência de árvores, e ocorrem em paisagens com um relevo suave dominado por planícies.
Em Portugal não existem verdadeiras estepes mas a existência centenária de agricultura extensiva “criou” um habitat com características semelhantes, localizada essencialmente nas planícies alentejanas. A agricultura baseada na rotação entre a produção de cereal de sequeiro (como o trigo, a aveia ou a cevada) intercalada com a existência de pousios, em que a terra “descansa” para recuperar a fertilidade do solo e que funcionam simultaneamente como pastagens, levou à formação de um habitat semelhante ao das estepes ao qual se chama pseudo-estepe ou estepes cerealíferas por ter origem na acção humana.
Ao longo dos últimos séculos muitas espécies incluindo aves, mamíferos, repteis, anfíbios e insectos adaptaram-se a este habitat formando um ecossistema que está dependente da manutenção da actividade agrícola tradicional. A Abertarda, o Sisão e o Peneireiro-das-torres são apenas três das espécies consideradas “estepárias” por dependerem da manutenção deste tipo de habitat e que funcionam como espécies bandeira a conservação deste ecossistema único.