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Gestão Cinegética
Gestão Cinegética
Cerca de 85% da área de intervenção do projecto está classificada segundo o Regime Cinegético Especial como Zonas de Caça Turísticas, Associativas e Municipais, e está sujeita a medidas específicas de gestão cinegética. Os gestores das Zonas de Caça – proprietários, associações ou municípios – são participantes activos na gestão das terras, tendo portanto um papel essencial na conservação da biodiversidade local. Enquanto gestores activos do território, nomeadamente no que respeita à biodiversidade cinegética, as Zonas de Caça podem também desempenhar um importante papel na conservação e protecção de espécies ameaçadas.

A Abetarda e o Sisão são duas espécies que tem a particularidade das suas crias e juvenis acompanharem desde o nascimento as progenitoras e só aprendendo a voar alguns meses depois. Durante os primeiros meses de vida as crias aprendem a conhecer o território, descobrindo os locais para se alimentarem e beberem água, enquanto caminham ao lado das mães. Por este motivo, é tão importante que durante o Verão, quando escasseia o alimento e a água e quando os juvenis ainda estão a crescer, que existam locais com boas condições para as aves se alimentarem e beberem, sobretudo em anos de seca.
A gestão que é efectuada pelas Zonas de Caça para as espécies cinegéticas pode, por isso, desempenhar um importante contributo também na conservação de espécies ameaçadas, mostrando o papel que a actividade cinegética desempenha na preservação dos recursos naturais. Um dos exemplos são as culturas semeadas para a fauna, o alimento disponibilizado ou os pontos de água, que podem ser usados em simultâneo pelas espécies cinegéticas (como a perdiz, o coelho e a lebre) e pelas aves estepárias, como a Abetarda e o Sisão.
A equipa do projecto pretende, assim, trabalhar em conjunto com os gestores cinegéticos para encontrar metodologias que possam ser utilizadas na gestão da caça e que beneficiem simultaneamente espécies cinegéticas e aves estepárias. Este tipo de intervenções assume particular relevância em situações de seca devido ao impacte das alterações climáticas nas áreas de ocorrência destas espécies.
Outro papel importante que as zonas de caça desempenham está relacionado com as suas áreas de refúgio ou com a forma como efectuam o planeamento das suas actividades. As áreas de refúgio são importantes não só como “fonte” de indivíduos das espécies cinegéticas mas, também, como local de perturbação reduzida na malha global de zonas de caça, o que permite que as espécies de maior sensibilidade, como a Abetarda e o Sisão, se possam abrigar. Na prática, medidas como ajustar periódica e temporariamente as manchas das jornadas diárias de caça, de forma a evitar as áreas onde as fêmeas de Abetarda se encontrem com os juvenis, podem ser um contributo essencial para melhorar a sobrevivência das aves.
A colaboração com gestores de caça assume, por isso, um papel chave na conservação da Abetarda e do Sisão, podendo dar um contributo muito relevante no restabelecimento das suas populações.

A monitorização das medidas implementadas está a ser efectuada com recurso a máquinas fotográficas automáticas que já permitem ver alguns dos resultados obtidos.

Consulte AQUI os resultados obtidos até Outubro de 2012 (apresentação powerpoint Hugo Lousa - LPN)